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Arqueólogos descobrem pequeno quarto de família de escravos em Pompeia

2021-11-08 No Comments

Três camas, uma de criança, objetos pessoais, ânforas e um baú de madeira. A mais recente descoberta nas escavações da cidade romana surpreendeu os especialistas, dando-lhes um pequeno “vislumbre” do quotidiano de uma família de escravos.

No início do ano, uma grande carruagem cerimonial de quatro rodas. Agora, um pequeno quarto, com três camas, que se acredita ter pertencido a uma família de escravos. Um “achado excecionalmente raro” dos arqueólogos em Pompeia, cidade romana destruída pela erupção do Vesúvio há quase 2000 anos.

A descoberta ocorreu na aldeia suburbana de Civita Giuliana, onde, há alguns meses, foi encontrada, quase intacta, uma carruagem ornamentada. Os investigadores acreditam, assim, que a modesta sala servia de abrigo aos escravos, encarregues de manter e preparar o veículo de transporte, muito provavelmente um “Pilentum”, carro alegórico não usado no quotidiano transporte agrícola mas em momentos festivos, desfiles e procissões.

“É uma janela para a realidade precária de pessoas que raramente surgem nos documentos históricos, escritos quase exclusivamente por homens pertencentes à elite”, afirmou o diretor do parque arqueológico, Gabriel Zuchtriegel. Um “testemunho único” do mundo antigo, acrescentou, confessando que esta é, seguramente, uma das descobertas “mais emocionantes” da sua vida profissional.

Raro vislumbre de realidade

Na pequena divisão, de 16 metros quadrados, havia três camas, uma delas de criança, e um baú de madeira com objetos de metal e tecido, provavelmente parte dos arreios dos cavalos que puxavam a carruagem. “Graças ao seu excecional estado de conservação, a sala dá-nos um raro vislumbre da realidade quotidiana dos escravos”, realçaram os responsáveis das escavações.

As camas eram feitas de várias pranchas de madeira mal trabalhadas, de forma a serem ajustadas aos respetivos ocupantes. Os arqueólogos encontraram ainda várias ânforas e objetos pessoais. A iluminação do quarto provinha de uma pequena janela e não havia vestígios de decorações nas paredes, apenas uma marca possivelmente deixada por uma lanterna.

De referir que as escavações foram realizadas no âmbito de um programa de luta contra os ladrões de túmulos, particularmente ativos nesta zona da Itália, com muitos tesouros arqueológicos por descobrir. A aldeia de Civita Giuliana é alvo de saques sistemáticos e os arqueólogos acreditam até que parte do “património arqueológico” deste quarto de escravos foi saqueada.

Fonte: Jornal de Notícias