No momento em que assinalam 25 anos desde a descoberta da Criança do Lapedo, o primeiro esqueleto do Paleolítico Superior encontrado em Portugal, sepultado por uma comunidade de caçadores recoletores numa sepultura estruturada, o Estado Português dá mais um passo em direção à preservação do Abrigo do Lagar Velho, integrando-o na reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este compromisso foi formalizado pela assinatura do contrato de financiamento no valor de 900.000,00€, entre o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural e o Município de Leiria.
A intervenção de consolidação na escarpa, agora financiada pelo PRR, tornou-se possível devido à conclusão do processo de aquisição, por parte da Câmara Municipal de Leiria, de três parcelas de terreno no Vale do Lapedo. Estas parcelas irão permitir criar as condições necessárias para a proteção e valorização do Abrigo do Lagar Velho.
A aquisição dos terrenos por parte do Município de Leiria resolve um processo que teve início com a descoberta ocasional da sepultura em terrenos privados em 1998. Constitui, para já, um ponto de viragem, permitindo que as entidades públicas envolvidas definam, sem constrangimentos, um plano de trabalho com múltiplas valências e critérios bem definidos com vista à proteção e valorização do Vale e do Abrigo do Lagar Velho, locais de grande relevância e mundialmente referenciados.
Também no âmbito dos 25 anos da descoberta, foi recentemente publicado o livro “Criança do Lapedo – Uma proposta de viagem” (CML, 2023), que resultou da reflexão sobre o lugar por parte de um grupo de trabalho composto por Gonçalo Cadilhe, João Zilhão, Aurora Carapinha, Anabela Graça e António Carvalho, e da colaboração do Ministério da Cultura com a autarquia.
Devido à sua importância, o Abrigo do Lagar Velho foi classificado como Monumento Nacional em 2013, o Vale do Lapedo como Zona Especial de Proteção (ZEP) e a sepultura da criança, artefactos e ecofactos associados ao seu ritual fúnebre como “Bem de Interesse Nacional”/”Tesouro Nacional”. A Criança do Lapedo foi ainda o primeiro esqueleto a ser considerado como “Tesouro Nacional”, tendo o Museu Nacional de Arqueologia sido a instituição escolhida para a sua conservação permanente.
Fonte (texto): PORTUGAL.GOV.PT