O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, é um dos muitos pelo mundo que está de portas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus. O encerramento deixou muitas exposições a meio, algumas acabadas de abrir, outras já quase a terminar. Com isto, muitas foram as obras de arte ficaram retidas fora de casa.
“Tínhamos uma peça em Milão, um dos focos mais graves na Lombardia, em Itália; outra peça em Paris e outras em museus nacionais” revela Anísio Franco, subdiretor do MNAA que aponta: “o mais grave é que muitas dessas exposições tinham acabado de ser inauguradas. Nós não vamos dizer, mande-me imediatamente a peça porque eu quero-a em Lisboa!”
O MNAA ficou assim, não só com obras do seu acervo fora de portas, como se viu também obrigado a ser fiel depositário de peças que deveriam ter regressado a outros museus.
No dia em que teve de encerrar portas, o MNAA terminava a exposição temporária “Álvaro Pires d’Évora”, uma mostra sobre o mais antigo pintor nascido em Portugal documentado na região da Toscana, em Itália, onde trabalhou entre 1410 e 1434.
Esta exposição era composta por obras que vieram de fora, nomeadamente de coleções privadas de Itália e de instituições como o Museo Nazionale di San Matteo de Pisa, a Pinacoteca Nazionale de Siena, a Galleria d’Arte Moderna de Milão ou das famosas Gallerie degli Uffizi de Florença, fora outros museus da Europa. Estas obras ficaram, com o final da exposição e com as restrições entretanto impostas à circulação, retidas em Lisboa.
Uma obra por dia para ver no Museu de Arte Antiga
Um museu sem público não faz sentido, perde a sua razão de existir, como tal, o MNAA reinventou-se em tempo de quarentena e recorreu à grande janela da internet para manter o contato com o público.
Todos os dias no canal do MNAA no Youtube pode ver um pequeno vídeo em que o diretor, o subdiretor e uma conservadora do museu dão voz a uma peça. Da pintura, à escultura está assim criado o projeto “A Arte É Uma Ponte Que Nos Une”.
“É algo muito caseiro”, refere Anísio Franco sobre os vídeos que vão disponibilizando e onde todos os dias dão a conhecer uma peça do acervo deste que é um dos museus nacionais com o mais importante espólio de tesouros nacionais.
“São pequenas conversas sobre peças”, explica o subdiretor que protagoniza alguns desses vídeos dos quais têm tido bom retorno. “As pessoas têm-nos incentivados a continuar porque as pessoas sentem que é uma forma de terem o museu em casa”.