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Uma viagem à Braga romana com recurso às media arts

2019-07-31 No Comments

Ínsula das Carvalheiras poderá ser visitável em 2021. Arqueólogos e arquitetos projetam circuito de visita com recurso a tecnologias multimédia para uma viagem à Bracara Augusta.

Entre dois e três milhões de euros é a estimativa de investimento da Câmara Municipal de Braga na valorização e criação de um percurso de visita às ruínas romanas da Ínsula das Carvalheiras, projeto que começa agora a ser desenhado por José Alejandro Beltrán-Caballero e Ricardo Mar, arquitetos espanhóis com experiência na musealização de vestígios romanos. Os dois apresentaram os primeiros esboços de um centro interpretativo e de circuitos de visitação a um dos mais importantes vestígios de Bracara Augusta, descobertos em 1983, mas que têm estado, até agora, inacessíveis ao público.

Durante uma visita do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, e do reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, ao campo arqueológico que decorre na Ínsula das Carvalheiras, Ricardo Mar destacou a “dialética entre os arqueólogos que estão a fazer as escavações e os arquitetos” para a definição do projeto de valorização, musealização e visita que se pretende ver concretizado até 2021. “As ideias estão a ser discutidas com a Universidade do Minho e com o Município de Braga. Queremos que as ruínas sejam um elemento explicativo, seja através das coberturas, de painéis ou de reconstruções virtuais. Por outro lado, teremos um parque urbano para que este não seja um conjunto arqueológico fechado”, explicou.

A dupla de arquitectos está a trabalhar em articulação com uma equipa de arqueólogos liderada por Manuela Martins, da Universidade do Minho, a qual referiu também o “diálogo com outras especialidades” para a recriação dos espaços do quarteirão romano, construído e remodelado entre os séculos I e V depois de Cristo.
O artista e investigador João Martinho Moura, que desenvolve trabalhos nas áreas da arte digital, interfaces, visualização, música digital e estética computacional, foi sondado para a criação, nas Carvalheiras, de algo que dê ao visitante a perceção de como as pessoas circulavam naquele espaço da Bracara Augusta.

“A cidade Capital das Media Arts tem de estar neste projeto”, afirmou Manuela Martins.

“Este espaço vai propiciar uma verdadeira viagem no tempo, com a entrada num centro interpretativo que terá uma dimensão moderna e tecnológica e com um percurso até ao interior deste espaço que constitui um importantíssimo legado romano”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal.

Para Rui Vieira de Castro, reitor da Universidade do Minho, entidade que subscreveu com o Município um acordo de cooperação para o desenvolvimento do deste projeto, este tem “a vantagem devolver vestígios muitíssimos relevantes de uma época relativamente larga da História de Braga aqui sedimentados”, ao mesmo tempo que permite à sua instituição “construir conhecimento novo de natureza arqueológica e arquitectónica” e “criar condições para que jovens possam experimentar a actividade de arqueólogo”.

A arqueóloga Fernanda Magalhães afirma que um dos objectivos do campo arqueológico é a descoberta da continuidade de uma calçada romana e vestígios da muralha romana que estarão ainda enterrados.

Fonte: https://correiodominho.pt/noticias/uma-viagem-a-braga-romana-com-recurso-as-media-arts/119016