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Centro de Documentação Linguística quer criar arquivo de línguas ameaçadas da Europa

2019-03-26 No Comments

O Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social (Cidles), com sede em Minde, no concelho de Alcanena, quer iniciar este ano a criação de um arquivo especializado em línguas ameaçadas da Europa, permitindo reunir toda a investigação já existente.

Vera Ferreira, presidente do Cidles​, linguista e arquivista digital no SOAS – Instituto de Línguas Mundiais da Universidade de Londres, disse à Lusa que este arquivo, que disponibilizará ainda formação em matéria de documentação e gestão de dados de línguas ameaçadas, “será o próximo grande passo” do centro, fundado em 2010, na sequência do trabalho que desenvolveu sobre o minderico (língua falada na zona de Minde, distrito de Santarém).

“Temos vários arquivos de línguas no mundo, mas não existe um arquivo especializado para línguas da Europa”, ficando os dados ou nas gavetas dos investigadores ou em websites, afirmou, salientando a importância de reunir o trabalho sobre línguas ameaçadas ou minoritárias na Europa e facultar “formação adequada à realidade europeia”, o que espera conseguir concretizar nos próximos anos.

Actualmente, o Cidles está a preparar o segundo Simpósio sobre Línguas em Perigo e Variedades Linguísticas na Península Ibérica, que teve a sua primeira edição em 2016, em Minde, e que vai decorrer em 4 e 5 de Julho, na Mouraria, em Lisboa.

Realizado juntamente com o SOAS e o projecto Frontespo, que tem vindo a fazer a documentação linguística ao longo de toda a fronteira entre Portugal e Espanha, o encontro visa a troca de metodologias e de melhores práticas em documentação linguística, arquivo e revitalização linguística na Península Ibérica.

A investigadora salientou que o objectivo do Cidles não é “criar realidades museológicas”, visando, ao recolher e arquivar dados, garantir que as línguas se mantenham no futuro e, caso desapareçam, possam ser reconstruídas. Pretende-se também “dar às comunidades a possibilidade de expandir para o mundo extremamente digital, com mudanças rápidas”, em que vivem, sendo “óbvio que a língua tem de se adaptar a essa realidade para sobreviver, o vocabulário tem de crescer”.

Fonte e mais informações: https://www.publico.pt/2019/03/24/culturaipsilon/noticia/centro-documentacao-linguistica-quer-criar-arquivo-linguas-ameacadas-europa-1866627