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E se a sua biblioteca privada fosse de todos nós?

2018-08-23 No Comments

Chama-se BiblioSol e é uma das propostas em votação no Orçamento Participativo Portugal. A ideia é simples – abrir as bibliotecas privadas ao usufruto público.

A ideia surgiu porque Renato Soeiro sabe muito bem o que é ter uma grande biblioteca em casa e sabe o quanto ela poderia ser útil se mais pessoas, além de si e dos seus próximos, tivessem acesso ao que contém. A ideia surgiu porque Renato sabe que não está sozinho. “A quantidade de livros que há na casa das pessoas que podiam ser tão úteis e que passam a vida fechados nas estantes…”, lamenta.

Esta ideia, que ganhou o nome BiblioSol – Rede Cooperativa de Leitores, é agora candidata ao Orçamento Participativo de Portugal, instrumento cuja votação decorre online até 30 de Setembro. Para esta ideia contribuiu outra constatação: “Tanta gente, nomeadamente estudantes, tem de fazer longos percursos até uma biblioteca para ler o livro que pretende quando, se calhar, tem a morar ao lado uma pessoa que lho emprestava.”

Segundo Renato Soeiro, um dos proponentes juntamente com César Silva (os dois tinham propostas semelhantes que acabaram fundidas), a BiblioSol pretende funcionar como uma rede através da qual as bibliotecas e os arquivos privados do país poderão abrir-se à comunidade, “sem prejuízo da propriedade e do usufruto do proprietário”.

O método idealizado para pôr a BiblioSol em prática é da maior simplicidade. Cada proprietário, assim o deseje, inscreve a sua biblioteca na rede, deixando o seu contacto e a sua morada e disponibilizando-se a ser abordado por leitores, também eles inscritos na rede, e devidamente autenticados para protecção dos espólios, em busca de obras ou áreas de saber específicas. Dessa forma, eliminam-se distâncias – “no fundo, é aquele velho projecto das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, que levavam os livros a casa das pessoas” –, abre-se um rico e diversificado património privado à comunidade – “há espalhadas pelas vilas e aldeias, principalmente nas velhas casas senhoriais, colecções fantásticas de livros antigos que estão ali perdidos e que acabam por não servir para rigorosamente nada” – e, pormenor muito importante para Renato Soeiro, abrem-se portas a uma relação de proximidade, humanizada, entre o leitor e este novo bibliotecário.

O apoio estatal solicitado na candidatura ao Orçamento Participativo de Portugal é de 70 mil euros e será canalizado para a criação do site que agregará a rede idealizada por Renato Soeiro e César Silva e para o apoio técnico posterior indispensável à catalogação das bibliotecas privadas aderentes, um esforço que os proponentes imaginam coordenado com a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

Fonte e mais informações: https://www.publico.pt/2018/08/21/culturaipsilon/noticia/e-se-a-sua-biblioteca-privada-fosse-de-todos-nos-1841136