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Portugal e as Bibliotecas

2018-07-23 No Comments

A maioria dos portugueses “continua a não ter uma noção exata do que é uma biblioteca” e isso representa um desafio para estes equipamentos, afirmou à Lusa Bruno Eiras, da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).

“Há uma grande carência de informação e divulgação do que é uma biblioteca municipal, uma biblioteca pública, dos seus serviços e da gratuitidade. (…) É a mais valia que temos de explorar: A biblioteca municipal como o único serviço público gratuito com a capacidade de mediação”, afirmou o diretor de serviços de bibliotecas da DGLAB em entrevista à agência Lusa.

O relatório mais recente sobre bibliotecas públicas portuguesas, de 2016, mostra uma realidade assimétrica, um país a várias velocidades e isso reflete-se também no tipo de serviço que é disponibilizado aos leitores e utilizadores.

Segundo o documento, a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas tinha naquele ano 1,4 milhões de utilizadores inscritos e registou 6,2 milhões de visitas.

“Se pensarmos que nós somos dez milhões, é pouco. Tem a ver com as características da nossa sociedade. A Rede Nacional de Bibliotecas Públicas tem 32 anos, é um fenómeno relativamente recente no pós-25 de Abril [de 1974]. Tem a ver com os nossos hábitos culturais, com a forma como nos relacionamos com os serviços públicos. É pouco”, disse o responsável.

Para se perceber quem utiliza as bibliotecas portuguesas, o relatório da DGLAB revela que em 2016 havia 808.097 utilizadores adultos (com mais de 14 anos) e 212.312 crianças ou adolescentes (até aos 14 anos).

Dos 1,4 milhões de leitores e utilizadores inscritos na rede, apenas 257.895 recorreram aos serviços de empréstimos de um livro, um CD, um DVD.

No entender de Bruno Eiras, “é difícil ter-se um perfil que seja efetivamente realista e ao mesmo tempo nacional, porque o tipo de utilizador das bibliotecas públicas em Portugal está associado à tipologia de biblioteca”. “Temos um Portugal a quatro velocidades”, com discrepâncias entre norte e sul, entre litoral e interior.

Para atenuar essas assimetrias, a DGLAB tem estado há cerca de um ano a incentivar as autarquias – porque a gestão das bibliotecas depende do poder local – a criarem redes intermunicipais entre bibliotecas, por regiões ou distritos. Atualmente, existem sete redes.

Nesse caminho, de valorização das bibliotecas, em 2014 a DGLAB criou um prémio de boas práticas para os equipamentos culturais que melhor dinamizem os seus espaços, cativem mais leitores e promovam a leitura.

“Em 32 anos, a conquista foi do ponto de vista de investimento em infraestruturas que cobrem todo o território. É preciso rentabilizar esse investimento. Há espaços, há equipamentos e é preciso trabalhar na fase dos serviços. É o fator de atração de público”, defendeu Bruno Eiras.

Fonte e mais informações: https://www.dn.pt/lusa/interior/portugueses-continuam-a-nao-ter-nocao-exata-do-que-e-uma-biblioteca—direcao-geral–9620505.html